Ilustração de Henrique Cayatte |
À semelhança de um certo grão-vizir que vivia na Pérsia, também os Hipopómatos transportam sempre consigo os livros de que não conseguem separar-se. Não foi tarefa fácil carregá-los todos até à Lua, mas tivemos a preciosa ajuda de quatrocentos camelos.
Há muitos anos viveu na Pérsia um grão-vizir - nome dado naquela época aos chefes dos governos-, que gostava imenso de ler. Sempre que tinha de viajar ele levava consigo quatrocentos camelos, carregados de livros, e treinados para caminhar em ordem alfabética. O primeiro camelo chamava-se Aba, o segundo Baal, e assim por diante, até ao último, que atendia pelo nome de Zuzá. Era uma verdadeira biblioteca sobre patas.
Assim começa Sábios como Camelos, uma das dez histórias que integram o inesquecível livro que José Eduardo Agalusa escreveu em 2000, Estranhões & Bizarrocos [Estórias para adormecer anjos]. As ilustrações são de Henrique Cayatte e mereceram o Prémio Nacional de Ilustração. O livro foi ainda distinguido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura Para Crianças.
São muitas as crianças que desconhecem este livro? Impossível, pensarão todos aqueles que o lêem e relêem, sem nunca se cansarem. Para espanto dos Hipopómatos, só numa semana encontrámos cinco escolas onde os Estranhões & Bizarrocos não só nunca tinham entrado, como também nunca ninguém ouvira falar deles. É um livro maravilhoso, com uma dose de imaginação ilimitada, onde o mundo é, muitas vezes, virado ao contrário, mas tudo acaba fazendo sentido... Este é um livro que todas as crianças deveriam conhecer e o que os adultos não deveriam dispensar. Esta é a nossa escolha da semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário