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quinta-feira, 14 de março de 2013

O Veado Florido

António Torrado é o escritor português escolhido para candidato ao prémio  Hans Christian Andersen de 2014. Considerado o mais Anderseniano dos escritores portugueses para a infância, a importância e o peso da obra de Torrado no universo da literatura infantil são inquestionáveis. De entre a sua vasta obra, O Veado Florido é um dos livros da nossa Memória. 


Era uma vez  um senhor muito rico que coleccionava animais nunca vistos. Encerrava-os em jaulas doiradas  nos jardins do seu palácio, para que todos os que o visitavam abrissem a boca e ficassem sem fala, cheios de espanto.


Não era caso para menos, já que eram animais fantásticos, como crocodilos voadores, leões emplumados, cavalos azuis, borboletas gigantes, serpentes luminosas, girafas listadas, cisnes transparentes...


Um batalhão de criados, espalhado pelos quatro cantos do mundo, afadigava-se na procura de bichos esquisitos para ocuparem as jaulas doiradas que iam ficando vazias. É que apesar de bem tratados, os bichos nunca vistos morriam cedo.


Um desses criados descobriu,  uma vez,  numa floresta silenciosa, um  espantoso animal. Daqueles que só aparecem nos sonhos, mas não em todos. Era um veado florido. As longas e recortadas hastes que lhe ornavam a cabeça, tinham flores. Flores brancas. E o mais espantoso é que gostava muito de festas!


O veado foi levado para o palácio do senhor muito rico, mas pelo caminho as flores foram murchando. E nem mesmo quando chegou a Primavera, elas  floriram. Outros bichos morreram. E o senhor muito rico cansou-se.


O veado acabou enxotado pelo mesmo criado que o trouxera. Correu até à orla da floresta e as suas hastes voltaram a cobrir-se de folhas luzidias e de flores muito brancas.


O criado ainda gritou ao senhor para que viesse ver mas, quando este chegou, o veado já desaparecera. Apesar de muito rico, o senhor nunca conseguiu ver as hastes floridas do veado.


As ilustrações de Manuela Bacelar, a lembrar o desenho infantil, para além de certificarem a beleza da história são também uma homenagem à ilustradora da primeira edição do livro, Leonor Praça.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Violeta, Violeta e Violeta

 

Que tocavam elas?
A mãe, violancelo; a filha, violeta.
Muito certinhas, as duas:
o que uma lembrava, a outra seguia;
o que uma levava, a outra trazia.


E o céu, de vê-las tão concertadas
tocando o seu concerto
também apurou as suas cores,
e de azul em que estava passou a violeta.

Este é mais um excerto de O Livro Das Sete Cores.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Livro das Sete Cores

A Joaninha quer ser maçã. O melhor e mais saboroso dos frutos, de uma simplicidade quase ingénua, mas cheio de doçura em cada dentada. O seu perfume faz lembrar manhãs amenas e pomares, onde o bulício da cidade é apenas uma imagem distante.
Uma cesta de maçãs é uma dádiva. Com elas preenchemos um calendário: compota, tarte, bolo, rebuçados, licor…
Gostamos delas rijas, doces, maduras, verdes, golden,…e vermelhas. E sempre que pensamos em maçãs, pensamos em vermelho. É inevitável.


O vermelho
Eu sou o vermelho
e sei o que quero.
Há quem me chame encarnado
mas eu gosto mais da cor
do meu sangue.
Encarnados são os
salmonetes.
Quando falam de mim
têm sempre a mania de me
enfeitar
com papoilas,
como se não houvesse mais
flores
da mesma cor. E se as há!
Olhem as rosas, os cravos,
os gladíolos, as sardinheiras…
Claro que cada uma delas diz
vermelho
à sua maneira:
a rosa como se fosse a única a
dizê-lo,
o cravo alegremente,
o gladíolo num grito a crescer,
 a sardinheira cantando num
pregão.
Mas stop, chega de flores,
digo eu, que sou uma cor
brusca
- ou não coubesse no fogo
ou não corresse no vinho
ou não me arrojasse nas
touradas
ou não me rasgasse nas arestas dos rubis
ou não nascesse sempre sempre
na vertigem das bandeiras.

- Falem em mim, em mim – pede-me a joaninha.
- E então eu? –alvoroça-se o rabanete.
Parte-se a melancia, desesperada:
- Não se iludam, não se iludam.
Olhem-me para o coração!

Contemplo-os a todos.
São o meu território,
o meu mundo.
Mas que seria eu sem eles?

A nossa memória de hipopómato carrega sempre O Livro das Sete Cores junto aos Estranhões. Complementam-se.
Uma obra a descobrir, em que as palavras nascem da cumplicidade de Maria Alberta Menéres e António Torrado.
As cores, essas tão importantes cores que dão título ao livro, são fruto da mão de Jorge Martins, com colagens quase geométricas e tons vivos.
Os hipopómatos deliciam-se a ver a criançada, de tesoura e cola em punho, a tentar reproduzir as ilustrações de O Livro das Sete Cores.











Este livro ganhou o Prémio Calouste Gulbenkian de Ilustração de Livros para Crianças no ano de 1984. Ora, já lá vão 27 anos, e parece que foi ontem.